Nova Metodologia para Análise do Impacto do Atropelamento de Fauna: Estudo de Caso Paraty-Cunha
DOI: http://dx.doi.org/10.21664/2238-8869.2022v11i1.p249-275
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Na Estrada com a Natureza: O
Impacto Invisível dos Atropelamentos de Animais Silvestres
Quando me vi diante da rodovia Paraty-Cunha (RJ-165), rodeada por uma das regiões mais ricas em biodiversidade do país, percebi o quão tênue é a linha entre o progresso e a preservação. Essa estrada, que corta o Parque Nacional da Serra da Bocaina, é um exemplo clássico de como o asfalto pode representar tanto desenvolvimento quanto ameaça à vida selvagem.
Durante meses, acompanhei um
estudo que propõe uma nova forma de avaliar o impacto ambiental causado pelos
atropelamentos de animais silvestres. E não estamos falando de uma contagem
simples de corpos à beira da pista. A proposta vai além: busca entender quais
espécies são atingidas, qual a sua importância ecológica, e em que trechos os
atropelamentos são mais frequentes e graves.
A realidade que encontrei foi dura. Mesmo em uma área protegida, os atropelamentos são frequentes. Estima-se que no Brasil, cerca de 14,7 milhões de animais sejam atropelados por ano. É um número alarmante, e quando olhamos para as espécies envolvidas, muitas delas ameaçadas de extinção, a urgência do problema se torna ainda mais evidente.
A nova metodologia aplicada
nesse estudo permitiu analisar com uma precisão inédita, os impactos causados
pelos atropelamentos na Paraty-Cunha. E os dados foram claros: existem trechos
críticos, onde o risco para os animais é maior não apenas em quantidade, mas
também em qualidade ou seja, atingindo espécies mais sensíveis ou fundamentais
para o ecossistema.
Mais do que números, essa
análise traz um apelo: precisamos agir. O que está em jogo não é apenas a vida
de um animal isolado, mas o equilíbrio de ecossistemas inteiros. Ao propor essa
metodologia, os pesquisadores oferecem aos gestores públicos e aos órgãos de
fiscalização uma ferramenta poderosa para tomar decisões mais embasadas e
eficazes.
Ficou evidente que os trechos iniciais da rodovia são os mais impactantes. Ali, os atropelamentos foram mais frequentes e atingiram espécies de grande importância ecológica. Diante disso, a recomendação é clara: é preciso intensificar as medidas de mitigação, como a instalação de passagens de fauna e sinalizações específicas e continuar monitorando a área por pelo menos mais três anos. Só assim será possível saber se as ações estão surtindo efeito ou se ajustes serão necessários.
O caminho para a convivência
entre infraestrutura e biodiversidade existe. E passa por iniciativas como
esta, que unem ciência, sensibilidade e ação. Afinal, cada animal que
conseguimos salvar é uma pequena vitória em um grande esforço pela preservação
da nossa fauna.
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