Custo ecológico do uso integral de recursos florestais para fins energéticos
DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv9n2-153
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Na linha de frente contra o fogo: meu olhar sobre a devastação dos ecossistemas tropicais
Ao longo dos anos, acompanhei de perto as mudanças dramáticas nos nossos ecossistemas tropicais. O que vi não foi apenas o desmatamento crescente ou as áreas devastadas por queimadas, mas um cenário em que a própria vegetação, enfraquecida e fragmentada, se tornou mais vulnerável ao fogo. As florestas, antes úmidas e densas, agora ardem com mais facilidade. O equilíbrio natural tem sido rompido, e com ele, aumenta o risco de incêndios que se espalham rapidamente e deixam um rastro de destruição.
No Brasil, o epicentro dessa tragédia se localiza nos estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará, dentro da chamada Amazônia Legal. A ocupação desenfreada das décadas de 1980 e 1990 deixou marcas profundas. Onde havia mata nativa, hoje predominam pastagens e monoculturas. O fogo, utilizado como técnica barata de limpeza da terra, tornou-se um aliado perigoso do agronegócio. Ele invade propriedades vizinhas, cruza fronteiras invisíveis e, muitas vezes, consome até mesmo as unidades de conservação nos últimos refúgios naturais, que não contam com estrutura mínima para se protegerem.
Essa realidade alarmante levou o IBAMA, com apoio do BIRD, a lançar em 1989 um programa emergencial para conter as queimadas. E os resultados apareceram: no ano seguinte, houve uma redução expressiva nos focos de incêndio. A mobilização gerou frutos como a criação do PREVFOGO, que hoje define e executa as políticas nacionais de controle e prevenção a incêndios florestais. Em 1998, o grande incêndio em Roraima foi o estopim para o surgimento do PROARCO, uma resposta direta e articulada com o INPE, que trouxe tecnologias de previsão e monitoramento climático para identificar áreas de risco.
O avanço da ciência também tem feito a diferença. Hoje, contamos com sistemas automáticos de detecção de focos de fogo, que operam com dados de satélites das séries NOAA e GOES. Essa tecnologia, alimentada por dados climáticos, permite não apenas detectar incêndios em tempo real, mas também prever onde o risco é maior. O INPE disponibiliza essas informações diariamente na internet, e iniciativas semelhantes do INMET e do SIMEPAR também oferecem atualizações constantes sobre o risco de fogo em todo o país.
Entender esse risco é essencial. Ele é representado por um índice um número que traduz a probabilidade de um incêndio acontecer e se espalhar, caso haja uma faísca. A ideia é simples: cruzar variáveis como umidade do solo, tipo de vegetação e previsões climáticas para prever a ameaça. É como se estivéssemos, dia após dia, medindo o pulso da floresta.
O que me impressiona, mais do que os números ou gráficos, é a urgência da resposta. O fogo não espera. Ele consome tudo: árvores, animais, história. E cabe a nós, com informação, ação e responsabilidade, virar esse jogo.
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