Erosão costeira ameaça áreas urbanizadas e expõe desigualdade social no Brasil
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
No Brasil, a maior concentração populacional está nas regiões litorâneas, o que tem impulsionado uma crescente ocupação desordenada dessas áreas. Esse processo, muitas vezes marcado pela irregularidade fundiária e ausência de planejamento urbano, tem ampliado significativamente as zonas de risco à erosão costeira fenômeno natural agravado pela ação humana.
Nas áreas já urbanizadas e afetadas pela erosão, observam-se dois cenários distintos. Em regiões com baixo valor comercial e turístico, a resposta predominante tem sido o abandono. Nestes locais, majoritariamente habitados por populações de baixa renda, o poder público tende a se omitir, deixando de adotar medidas de contenção ou restauração ambiental. O resultado é o avanço do mar sobre construções precárias, perdas materiais e o deslocamento forçado de famílias.
Por outro lado, quando a erosão atinge áreas valorizadas economicamente como bairros turísticos ou zonas com empreendimentos de alto padrão a reação é oposta. Nesses casos, há investimento em intervenções de mitigação tanto por parte do poder público quanto de moradores e empresários locais. Ações como o enrocamento (colocação de pedras), a recomposição de dunas e a instalação de barreiras artificiais são comumente empregadas para conter o avanço das marés e proteger o patrimônio.
A situação evidencia uma desigualdade estrutural no enfrentamento dos impactos ambientais. Enquanto determinadas comunidades são deixadas à própria sorte, outras contam com recursos e atenção imediata para preservar seus espaços. O avanço da erosão costeira, portanto, não apenas representa uma ameaça ambiental, mas também escancara disparidades sociais no acesso à proteção e infraestrutura urbana.
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