Alterações morfológicas provocadas pela aplicação de um análogo de hormônio juvenil em Dysdercus ruficollis (percevejos manchadores de algodão)
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Cientistas testam substância hormonal que compromete desenvolvimento de percevejo do algodão
Um inimigo antigo das plantações de algodão pode ter encontrado um ponto fraco. Pesquisadores testaram um análogo de hormônio juvenil em Dysdercus ruficollis popularmente conhecido como percevejo manchador do algodão e observaram alterações profundas no ciclo de vida do inseto. O estudo, publicado por cientistas brasileiros, reforça a importância de novas estratégias no controle dessa praga agrícola que compromete fibras e sementes de algodão.
Alterações visíveis no corpo do inseto
Os testes foram realizados em ninfas no início do quinto estádio de desenvolvimento, fase que antecede a vida adulta. A substância, chamada N(5-cloro-2-metilfenil)-3,7-dimetil-2,6-octadienilamina, foi aplicada de forma tópica, diretamente na base das asas.
Após a muda, os insetos exibiram um aspecto ressecado e apresentaram deformações marcantes na cabeça, no tórax, nas patas, nas asas e no abdômen. Essas alterações dificultaram atividades essenciais, como locomoção e alimentação, comprometendo a sobrevivência dos percevejos.
Ciclo biológico interrompido
Apesar das modificações externas, os cientistas observaram que a genitália externa dos insetos permaneceu aparentemente inalterada. No entanto, a aplicação do análogo hormonal foi suficiente para interromper o ciclo biológico dos indivíduos tratados, impedindo sua plena maturação e reduzindo a capacidade da espécie de completar sua reprodução.
Relevância para a agricultura
O Dysdercus ruficollis é considerado um dos principais inimigos do algodão. Ao perfurar as cápsulas da planta, provoca manchas nas fibras e perda de qualidade no produto final, além de comprometer o desenvolvimento das sementes. Os prejuízos vão além da lavoura: afetam diretamente a rentabilidade dos agricultores e a competitividade da produção nacional.
Nesse cenário, os resultados obtidos com o análogo hormonal levantam perspectivas promissoras. Ao contrário dos inseticidas convencionais, que podem atingir também espécies não-alvo e causar desequilíbrios ambientais, compostos que interferem em processos fisiológicos específicos dos insetos oferecem uma alternativa mais seletiva e sustentável.
Caminhos futuros
Embora os resultados sejam preliminares, o estudo abre portas para novas pesquisas voltadas ao uso de hormônios artificiais como ferramenta de manejo de pragas. Se comprovada sua eficácia em larga escala e sua segurança ambiental, a substância poderá representar um avanço importante no controle de percevejos do algodão, reduzindo perdas e fortalecendo a agricultura.
No campo e no laboratório, a batalha contra o percevejo manchador do algodão continua. Mas os cientistas acreditam que, com o auxílio da biotecnologia, esse velho adversário pode estar cada vez mais perto de perder a guerra.
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