segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A linha tênue entre empatia artificial e manipulação: os riscos emocionais da inteligência artificial

 A linha tênue entre empatia artificial e manipulação: os riscos emocionais da inteligência artificial

Dr. J.R. de Almeida

[https://x.com/dralmeidajr][instagram.com/profalmeidajr/][  https://orcid.org/0000-0001-5993-0665][https://www.researchgate.net/profile/Josimar_Almeida/stats][ https://uerj.academia.edu/ALMEIDA][https://scholar.google.com.br/citations?user=vZiq3MAAAAJ&hl=pt-BR&user=_vZiq3MAAAAJ]

Editora Priscila M. S.


A capacidade das máquinas de compreender emoções e intenções humanas, antes restrita ao campo da ficção científica, tornou-se uma realidade com o avanço da inteligência artificial (IA). No entanto, essa mesma habilidade que promete interações mais humanas também levanta preocupações éticas e sociais profundas. Quando uma IA é capaz de identificar estados emocionais e responder de maneira personalizada, abre-se não apenas um novo horizonte tecnológico, mas também um campo perigoso de influência sobre o comportamento humano.

Pesquisadores alertam que o conhecimento das emoções de um usuário pode ser utilizado não apenas para fins benéficos, como o apoio psicológico ou o monitoramento de saúde mental, mas também para manipular decisões, afetando diretamente a autonomia e a liberdade individual. A IA, ao compreender nuances emocionais, pode ser empregada para induzir o consumo, reforçar opiniões políticas ou moldar comportamentos sociais. Essa capacidade de influência desperta temores sobre o uso indevido da tecnologia, que pode se tornar uma ferramenta de controle disfarçada de empatia.


Um dos aspectos mais delicados dessa relação é o que especialistas chamam de “ilusão terapêutica” quando o usuário cria um vínculo emocional com o sistema, acreditando que há reciprocidade nos sentimentos expressos pela máquina. Programas de IA projetados para responder de forma empática podem gerar laços de apego psicológico, levando pessoas emocionalmente vulneráveis a desenvolver uma dependência afetiva do sistema. Nesse cenário, a fronteira entre suporte tecnológico e manipulação emocional torna-se cada vez mais difusa.

As implicações não se restringem às relações pessoais. No ambiente corporativo, o uso da computação afetiva também desperta críticas. Câmeras e microfones presentes em escritórios e plataformas virtuais já permitem a coleta de dados sobre expressões faciais, tom de voz e postura corporal. Combinadas a softwares de IA, essas informações podem ser utilizadas para medir níveis de estresse, engajamento e até frustração dos funcionários tudo em tempo real.

Embora essas práticas sejam apresentadas como estratégias de aprimoramento da produtividade, especialistas alertam para o risco de avaliações automatizadas e não transparentes. A interpretação de estados emocionais é altamente subjetiva, e decisões baseadas nesses parâmetros como contratações, promoções ou demissões podem ser injustas e imprecisas.

O debate ético se intensifica: até que ponto é aceitável permitir que uma máquina avalie emoções humanas? O limite entre cuidado e controle parece cada vez mais tênue, especialmente quando se considera o poder crescente das tecnologias de reconhecimento emocional.

Ao transformar sentimentos em dados, a sociedade se depara com uma questão urgente: será mesmo esse o futuro que queremos?

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