Fauna Sinantrópica Nociva: Portos Brasileiros enfrentam desafios ambientais e sanitários
Dr. J.R. de Almeida
[https://x.com/dralmeidajr][in
Editora Priscila M. S.
A presença de animais sinantrópicos nocivos em áreas portuárias brasileiras tem despertado crescente atenção de autoridades ambientais, especialistas em saúde pública e gestores logísticos. Regulamentada pela Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por meio da Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006, a Fauna Sinantrópica Nociva (FSN) é definida como toda espécie que interage de forma negativa com a população humana, provocando impactos econômicos e ambientais significativos, além de representar riscos diretos à saúde pública.
Especialistas explicam que a ocorrência da FSN está diretamente ligada à disponibilidade de quatro elementos fundamentais, conhecidos como os “4 As”: água, alimento, abrigo e acesso. A simples presença desses recursos já é suficiente para favorecer a instalação e a multiplicação desses animais em ambientes urbanos e industriais. A eliminação ou controle dessas condições, segundo pesquisadores, é uma das formas mais eficazes de reduzir a incidência dessas espécies em áreas críticas, como instalações portuárias.
O desenvolvimento de programas de controle e monitoramento contínuo da FSN é apontado como essencial para garantir a segurança sanitária e operacional dos portos. Além de prevenir impactos ambientais, essas ações são estratégicas para proteger o comércio exterior, os transportes marítimos internacionais e a saúde pública no Brasil.
Um relatório técnico elaborado por Freitas e colaboradores em 2014 revelou um panorama preocupante: os portos marítimos nacionais concentram grandes volumes de resíduos diversos sucatas, entulhos, madeiras, restos orgânicos e cargas mal acondicionadas além de resíduos administrativos e de manutenção, como plásticos, pilhas, baterias, lâmpadas e águas residuais. Esse acúmulo cria um ambiente propício para a proliferação de espécies sinantrópicas, que encontram nesses locais abrigo seguro e abundância de alimento.
Outro fator que agrava o problema é a ausência de predadores naturais nesses espaços. Essa condição transforma os portos em ecossistemas ideais para a instalação da FSN, dificultando o controle e aumentando os riscos de contaminação e danos estruturais às instalações portuárias.
Um dos principais exemplos desse cenário é o Porto de Paranaguá, localizado no litoral do Paraná. Situado a 25° 30'01'' S e 48° 31' W, o porto ocupa uma área aproximada de 2 km² e se destaca como o maior exportador de grãos da América Latina e o segundo maior porto do Brasil, atrás apenas de Porto de Santos. Entre as principais cargas movimentadas estão açúcar, arroz, café, cevada, farelos, milho, minérios, soja, trigo, couro, papel, madeira, produtos cerâmicos e granéis líquidos.
Fundado em 1872 como um atracadouro privado, o porto passou para a administração estadual em 1917. Após melhorias estruturais, foi inaugurado oficialmente em 1935, e, em 1947, deu origem à Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), autarquia responsável por sua gestão. Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) indicam que o volume de cargas movimentadas cresceu de 38 milhões de toneladas em 2010 para 51,5 milhões em 2017 um aumento que intensificou a geração de resíduos e, consequentemente, ampliou o desafio do controle da fauna sinantrópica.
Com a expansão das atividades portuárias e a intensificação das operações de exportação e importação, especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas ambientais integradas, capazes de aliar eficiência logística à proteção sanitária. Programas robustos de manejo ambiental, capacitação de equipes, fiscalização contínua e ações preventivas são apontados como caminhos fundamentais para reduzir riscos e promover a sustentabilidade nos portos brasileiros.

Sem comentários:
Enviar um comentário