quarta-feira, 11 de junho de 2025

Agentes e Processos de Interferência, Risco, Impacto e Dano Ambiental: Sistemas Terrestres

 Agentes e Processos de Interferência, Risco, Impacto e Dano Ambiental: Sistemas Terrestres

 DOI: https://doi.org/10.12957/ric.2023.72623

Dr. J.R. de Almeida 

[https://x.com/dralmeidajr][instagram.com/profalmeidajr/][  https://orcid.org/0000-0001-5993-0665][https://www.researchgate.net/profile/Josimar_Almeida/stats][ https://uerj.academia.edu/ALMEIDA][https://scholar.google.com.br/citations?user=vZiq3MAAAAJ&hl=pt-BR&user=_vZiq3MAAAAJ]

Editora Priscila M. S. Gomes


A Terra sob nossos pés: o solo está tentando nos dizer algo

Ao longo da minha jornada como pesquisadora, descobri que o solo, muitas vezes esquecido sob nossos pés, é um verdadeiro livro aberto sobre a saúde do nosso planeta. E como qualquer organismo vivo, ele reage e sofre com os impactos naturais e, principalmente, com a ação humana. Foi essa percepção que me levou a mergulhar numa investigação sobre os principais agentes que vêm modificando as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo em diversos ecossistemas ao redor do mundo.

Moore, Oklahoma, Tornado, Desastre

Durante essa análise, ficou claro: mudanças no regime de chuvas, alterações químicas e nutricionais, além da redução do volume disponível de solo, têm contribuído diretamente para a expansão de áreas semiáridas. Essa transformação não é invisível. Ela se materializa em regiões que antes eram férteis e agora se tornam improdutivas, vulneráveis e até hostis à vida.

Ao observar os taludes aquelas encostas naturais formadas por solo e rocha percebi que os movimentos de massa, como deslizamentos e quedas, são mais comuns do que imaginamos. Eles ocorrem naturalmente, é verdade, mas tornam-se frequentes e perigosos quando interferimos, escavando, construindo ou desviando cursos d’água. Situações corriqueiras, como a abertura de uma estrada ou a prática agrícola em terrenos inclinados, podem desencadear desastres.

Trator, Engenharia Agrícola, Campo

Outro alerta vem da subsidência, um fenômeno que parece silencioso, mas é profundamente revelador. Em áreas como os Everglades, nos EUA, ou os polders holandeses, a drenagem e o uso excessivo do solo para agricultura levaram ao afundamento do terreno. A retirada de água ou minerais do subsolo provoca o colapso de estruturas naturais, e o solo, que antes sustentava plantações e florestas, simplesmente cede.

E o que dizer da forma como alteramos os ciclos naturais de nutrientes? Interferimos constantemente na dinâmica do nitrogênio, fósforo, potássio e outros elementos fundamentais. A introdução de fertilizantes artificiais, o escoamento de água contaminada e a colheita intensiva desequilibram um sistema que, quando em harmonia, é autossuficiente e produtivo.

Em desertos, por exemplo, mesmo com uma concentração alta de nutrientes, a falta de água e a baixa transferência entre os compartimentos do ecossistema impedem a reciclagem adequada. Já nas tundras, o solo pobre e o frio extremo dificultam qualquer tentativa de recuperação ambiental. Nestes casos, tentar “melhorar” a produtividade com métodos convencionais é como tentar cultivar flores no gelo.

Sapo, Batráquio, Água, Sapo Verde

A erosão do solo também me chamou atenção. Mudanças no clima, na cobertura vegetal ou no uso do solo impactam diretamente sua capacidade de regeneração. A paisagem se transforma, e o solo, quando exposto sem proteção, torna-se vulnerável, perdendo nutrientes e sua capacidade produtiva.

O que mais me impressionou foi compreender o impacto silencioso da salinização. Com a irrigação prolongada, especialmente em regiões áridas, o nível de água subterrânea sobe. Quando evapora, o sal fica. E, pouco a pouco, esse sal se acumula na superfície, transformando áreas férteis em desertos improdutivos. Em alguns casos, o processo é irreversível.

Apesar de existirem sistemas de irrigação sustentáveis que funcionam há séculos, a verdade é que grande parte das terras irrigadas atualmente já apresenta sinais de salinização. Estima-se que entre 20% e 40% dessas áreas estejam sendo perdidas. Não é exagero afirmar que a salinização do solo contribuiu para o colapso de civilizações inteiras que dependeram da agricultura em regiões semiáridas.

Silverado, 4X4, Lama, Água, Ervas

Ao final desta jornada, fiquei com a sensação de que o solo está nos dando sinais claros de esgotamento. É preciso ouvi-lo. Se quisermos preservar a base da nossa cadeia alimentar, proteger os solos deve ser uma prioridade não só para cientistas, mas para todos nós.


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