AVALIAÇÃO DE RISCOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM MALHA RODOVIÁRIA
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Obras de duplicação na BR-101 revelam riscos ambientais em áreas de conservação
A BR-101, uma das rodovias mais extensas e estratégicas do país, está passando por obras de duplicação com o objetivo de reduzir congestionamentos e acidentes de trânsito. Contudo, um recente estudo científico acende um alerta: o trecho compreendido entre o quilômetro 190,3 e o quilômetro 144,2 corta uma Unidade de Conservação (UC) e uma Área de Proteção Ambiental (APA), territórios reconhecidos por sua importância ecológica e amparados pela Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81).
Pesquisadores identificaram onze impactos ambientais de natureza negativa associados às intervenções no local. A análise foi conduzida por meio de uma matriz de interação, ferramenta amplamente utilizada na avaliação de riscos ambientais. Os resultados apontam para consequências preocupantes, sobretudo pela possibilidade de danos permanentes à fauna e à flora que habitam a região.
Entre os efeitos mais relevantes estão a fragmentação de habitats, o aumento do risco de atropelamento de animais silvestres, a alteração de cursos d’água e a redução da cobertura vegetal. Tais mudanças podem comprometer o equilíbrio ecológico e ameaçar a sobrevivência de espécies endêmicas, além de afetar processos naturais fundamentais, como a dispersão de sementes e a regulação climática local.
Especialistas destacam que o caso da BR-101 exemplifica o dilema enfrentado pelo país: conciliar o desenvolvimento da infraestrutura com a preservação ambiental. Embora a duplicação da rodovia seja essencial para melhorar a mobilidade e a segurança viária, os dados indicam que os impactos ecológicos não podem ser ignorados.
O estudo reforça a necessidade de medidas compensatórias e de estratégias de mitigação, como a implantação de passagens de fauna, o monitoramento contínuo da biodiversidade e o reforço na fiscalização de atividades potencialmente degradantes. Tais ações são fundamentais para garantir que a modernização da malha rodoviária não comprometa a integridade de ecossistemas sensíveis e a qualidade de vida das populações que deles dependem.
A situação levanta um debate urgente sobre o futuro das grandes obras de infraestrutura em áreas ambientalmente frágeis. Afinal, o desenvolvimento sustentável exige equilíbrio entre progresso econômico e conservação da natureza um desafio que se coloca no centro das decisões políticas e sociais do país.
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