AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS SOBRE FAUNA EM ESTRADA PARQUE
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Estrada Parque Paraty Cunha expõe impactos da mortalidade de fauna por atropelamento
Um dos maiores desafios ambientais relacionados à expansão e manutenção de rodovias no Brasil é o impacto direto sobre a fauna silvestre. Além do desmatamento e da fragmentação de habitats, o atropelamento de animais continua sendo uma das principais causas de mortalidade, ameaçando a biodiversidade e comprometendo o equilíbrio ecológico.
Um estudo recente trouxe uma contribuição inédita ao propor uma nova metodologia de avaliação do impacto ambiental decorrente desses atropelamentos. A pesquisa utilizou como estudo de caso a rodovia Paraty-Cunha (RJ-165), localizada em uma área de grande relevância ecológica, e considerada Estrada-Parque pela sua inserção em um território de rica biodiversidade e beleza natural.
A análise foi realizada em diferentes momentos da obra de restauração da estrada, possibilitando comparar os efeitos do tráfego sobre a fauna em distintas fases do processo. Os resultados revelaram não apenas a intensidade do problema, mas também apontaram que determinados trechos da via são mais propensos ao atropelamento de vertebrados, seja pela sua localização, proximidade com áreas de mata, cursos d’água ou rotas naturais de deslocamento de animais.
Segundo os pesquisadores, a metodologia aplicada permitiu uma avaliação mais precisa e qualitativa do impacto ambiental, indo além da simples contagem de animais mortos. A abordagem leva em consideração fatores como a importância ecológica da espécie atropelada, sua abundância, grau de ameaça e papel desempenhado no ecossistema. Essa perspectiva amplia a compreensão sobre as consequências dos atropelamentos e fornece dados consistentes para subsidiar ações de mitigação.
O estudo indica que os impactos ambientais da RJ-165 não se limitam ao número de animais mortos por veículos. A mortalidade de espécies-chave, como predadores, dispersores de sementes e polinizadores, pode desencadear efeitos em cascata nos ecossistemas, prejudicando a regeneração da floresta e a manutenção da biodiversidade local.
Especialistas destacam que, em estradas localizadas dentro ou próximas a áreas de conservação, como é o caso da Paraty-Cunha, as medidas de proteção da fauna tornam-se ainda mais urgentes. Entre as soluções apontadas estão a instalação de passagens de fauna subterrâneas ou aéreas, a construção de cercas direcionadoras, a implementação de sinalização específica para motoristas e a redução de velocidade em trechos críticos.
A nova metodologia de avaliação, segundo os autores, representa um avanço no gerenciamento ambiental de rodovias brasileiras, pois permite identificar não apenas quantos animais estão sendo atropelados, mas também quais espécies estão em maior risco e qual o peso ecológico de cada perda. Essa diferenciação é essencial para a tomada de decisões estratégicas e para a formulação de políticas públicas eficazes.
A pesquisa reforça a necessidade de equilibrar o desenvolvimento da infraestrutura rodoviária com a conservação da natureza, sobretudo em regiões sensíveis. No caso da Estrada-Parque Paraty-Cunha, a manutenção da biodiversidade é também um patrimônio cultural e turístico, o que reforça a urgência de medidas que garantam a coexistência entre mobilidade e preservação ambiental.
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