Desmatamento altera drasticamente regime hídrico em Petrópolis, revela estudo
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Um estudo recente alerta para as graves consequências do desflorestamento sobre o equilíbrio do regime hídrico na região metropolitana de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. A pesquisa aponta que a cobertura vegetal exerce papel essencial na regulação do ciclo hidrológico e que sua redução significativa impacta diretamente na dinâmica das águas superficiais e subterrâneas, podendo gerar riscos ambientais e sociais de grandes proporções.
Segundo os dados analisados, a vegetação atua como um verdadeiro regulador natural do ciclo da água. Ao interceptar a precipitação e liberar a umidade de forma gradual para os cursos d’água, a vegetação contribui para a estabilidade das vazões ao longo do ano, evitando picos de enchentes ou períodos severos de seca. Essa função ecológica, no entanto, é seriamente comprometida quando há perda expressiva de cobertura florestal.
Na cidade de Petrópolis, a redução da vegetação nativa foi considerada alarmante. O estudo revela que a diminuição da cobertura vegetal de 58% para 39% provocou um aumento de 60% na vazão média anual dos rios e córregos da região. Essa elevação no volume de escoamento alterou o índice hidrológico local, elevando o índice de escoamento de 0,29 para 0,50 indicador que expressa maior propensão à perda de água por escoamento superficial em vez de infiltração no solo.
Além disso, os impactos também foram sentidos nas vazões extremas. A vazão mínima média anual apresentou um aumento de 86,3%, enquanto a vazão máxima média anual cresceu 49,9%. Esses números revelam uma tendência preocupante: sem a presença de vegetação para amortecer os fluxos hídricos, o sistema se torna mais vulnerável a eventos extremos, como inundações e estiagens, comprometendo a segurança hídrica da região.
Os especialistas alertam que esses efeitos não se limitam apenas ao meio ambiente. O aumento descontrolado das vazões afeta diretamente o abastecimento de água, o risco de deslizamentos, a erosão dos solos e até mesmo a qualidade de vida da população local. Com chuvas mais intensas escoando rapidamente, os mananciais não conseguem armazenar água de maneira eficiente, reduzindo a resiliência hídrica das cidades e aumentando os custos com obras de contenção e infraestrutura urbana.
Diante desse cenário, os pesquisadores defendem medidas urgentes de reflorestamento, proteção das áreas de recarga hídrica e planejamento urbano baseado em critérios ecológicos. “É imprescindível reconhecer que a vegetação não é apenas um elemento paisagístico, mas sim um componente estratégico na manutenção do equilíbrio ambiental e na gestão dos recursos hídricos”, aponta o estudo.
A região serrana fluminense, historicamente marcada por eventos climáticos extremos, exige atenção redobrada por parte das autoridades e da sociedade civil. A preservação dos remanescentes florestais e a recuperação das áreas degradadas são passos fundamentais para garantir um futuro sustentável e seguro, sobretudo diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
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