Classificação das paisagens é chave para o planejamento ambiental eficaz, apontam especialistas
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Estudos recentes destacam a importância de uma abordagem mais refinada para a classificação das paisagens, visando aprimorar os instrumentos de planejamento e gestão ambiental no Brasil. Segundo pesquisadores da área, a paisagem não pode mais ser compreendida apenas como um recorte visual ou geográfico do espaço natural, mas deve ser analisada como um sistema complexo, resultado direto da interação entre sociedade e natureza.
Com base em uma revisão crítica da literatura e na evolução teórica de autores como Bertrand (1972), Soctchava (1978) e Troppmair (1981), um novo modelo de taxonomia das paisagens foi proposto, estruturado em seis níveis de escala espacial. Essa proposta leva em consideração não apenas os elementos estruturais da paisagem como relevo, solo e vegetação, mas também fatores climáticos e a dinâmica de uso do solo provocada pelas atividades humanas.
A nova classificação busca superar as dificuldades encontradas nas abordagens anteriores, que muitas vezes tratavam a paisagem de forma fragmentada. Ao adotar uma perspectiva sistêmica, integrada e idiográfica, os especialistas pretendem oferecer uma ferramenta mais precisa para a análise dos territórios e a elaboração de políticas públicas mais eficientes.
A proposta apresenta cinco unidades taxonômicas principais, aliadas a quatro modelos genéticos predominantes, que auxiliam na identificação e caracterização das diferentes formações paisagísticas. Isso permite não apenas uma leitura mais detalhada das paisagens, mas também a valorização de seus múltiplos aspectos ecológicos, históricos, culturais, estéticos, econômicos e recreativos.
De acordo com o pesquisador Machado (1988), a paisagem também deve ser reconhecida como um componente da qualidade ambiental. Sua análise, portanto, vai além do aspecto visual e passa a integrar um conjunto de atributos fundamentais para o bem-estar humano e a sustentabilidade dos ecossistemas.
Compreender o caráter dinâmico e transformador da paisagem especialmente frente à ação antrópica e às influências morfoclimáticas é essencial para que gestores públicos, urbanistas e planejadores ambientais possam atuar de forma mais responsável e estratégica. A taxonomia proposta oferece, nesse contexto, um suporte técnico robusto para o ordenamento territorial e o monitoramento ambiental, especialmente em áreas de conflito entre conservação e desenvolvimento.
Especialistas apontam ainda que a adoção dessa classificação pode contribuir para o fortalecimento de políticas ambientais mais integradas, respeitando as singularidades de cada território. Com isso, espera-se que o planejamento ambiental ganhe em precisão, equidade e sustentabilidade, consolidando-se como uma ferramenta essencial para enfrentar os desafios ecológicos do século XXI.
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