Levantamento revela riqueza florística em fragmento florestal do reservatório Billings, em São Paulo
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Um estudo recente realizado na região do reservatório Billings, na cidade de São Paulo, revelou a impressionante diversidade vegetal de um fragmento de Mata Atlântica, bioma considerado um dos mais ricos em biodiversidade do planeta e classificado como hotspot mundial para conservação. A pesquisa teve como objetivo identificar e classificar as espécies vegetais presentes, utilizando o sistema de formas de vida proposto por Raunkiaer (1905) e posteriormente aprimorado por Cabrera & Willink (1973).
O levantamento foi conduzido em dezembro de 2017, por meio de prospecções em 54 parcelas quadradas de 36 m² cada, distribuídas de forma homogênea em um fragmento florestal com área de 48.010,91 m². No total, foram registradas 97 espécies pertencentes a 47 famílias botânicas, com predominância da família Myrtaceae, conhecida por incluir árvores nativas de grande importância ecológica, como pitangueiras e jabuticabeiras.
A análise revelou uma estrutura vegetal variada: 63 espécies arbóreas, 17 herbáceas, 6 epífitas, 4 lianas, 3 arbustivas, 2 palmeiras, 1 arborescente e 1 escandente. Entre os registros mais relevantes está a presença da espécie Euterpe edulis, popularmente conhecida como palmito-juçara, classificada como vulnerável à extinção devido à exploração predatória.
Todo o material botânico coletado foi devidamente catalogado e encontra-se depositado no Herbário RBR da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde. Especialistas destacam que levantamentos como este são fundamentais para subsidiar ações de conservação, especialmente em áreas urbanas ou periurbanas onde a pressão antrópica ameaça reduzir ainda mais a cobertura original da Mata Atlântica.
O estudo reforça a necessidade de proteção e manejo sustentável desses fragmentos, não apenas para preservar a biodiversidade, mas também para manter os serviços ecossistêmicos essenciais que a vegetação nativa proporciona como a regulação do clima, a proteção de mananciais e a manutenção de habitats para a fauna silvestre. Em tempos de urbanização acelerada, iniciativas como essa mostram que, mesmo em áreas fragmentadas, a floresta ainda resiste e abriga um patrimônio natural de valor inestimável.
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