Modelo matemático revela desafios no monitoramento de contaminação de água subterrânea por derivados de petróleo em Itaguaí (RJ)
Dr. J.R. de Almeida
[https://x.com/dralmeidajr][instagram.com/profalmeidajr/][ https://orcid.org/0000-0001-5993-0665][https://www.researchgate.net/profile/Josimar_Almeida/stats][ https://uerj.academia.edu/ALMEIDA][https://scholar.google.com.br/citations?user=vZiq3MAAAAJ&hl=pt-BR&user=_vZiq3MAAAAJ]
Editora Priscila M. S. Gomes
A contaminação de águas subterrâneas por combustíveis derivados do petróleo é um problema crescente no Brasil e tem preocupado cientistas, órgãos ambientais e a população. Substâncias conhecidas pela sigla BTEX benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos estão no centro desse debate. Presentes em combustíveis como gasolina e diesel, esses compostos oferecem riscos graves à saúde humana e ao equilíbrio ambiental, já que podem infiltrar-se no solo e atingir lençóis freáticos.
Um estudo recente buscou aplicar o modelo computacional BIOSCREEN, ferramenta amplamente utilizada em simulações ambientais, para prever a dispersão de contaminantes em um caso específico de vazamento. O cenário analisado ocorreu em um posto de combustíveis localizado no bairro Brisamar, em Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro. O local contava com cinco tanques subterrâneos um de álcool, dois de gasolina e dois de diesel cada um com capacidade de 15 mil litros. Um vazamento acidental levantou a preocupação sobre os possíveis impactos no solo e nos aquíferos da região.
De acordo com especialistas envolvidos no estudo, a eficiência de qualquer processo de remediação ambiental depende do conhecimento prévio dos parâmetros físicos e químicos do terreno. É necessário compreender como os contaminantes se movem pela água subterrânea, qual a extensão da pluma de poluição e, principalmente, quanto tempo levaria para que a qualidade da água fosse restaurada.
A proposta do trabalho era justamente testar a capacidade do BIOSCREEN em simular esses processos no terreno analisado. O modelo matemático permite prever, em condições ideais, a evolução de plumas de contaminação, oferecendo dados importantes para tomadas de decisão. No entanto, no caso de Itaguaí, a aplicação não alcançou os resultados esperados. O motivo, segundo os pesquisadores, foi a limitação dos dados experimentais disponíveis para alimentar o programa, o que comprometeu a precisão da simulação.
Apesar das dificuldades, o estudo reforça a urgência em investir em monitoramento ambiental de alta qualidade. Os compostos do grupo BTEX não apenas contaminam a água e o solo, mas também representam risco elevado à saúde: o benzeno, por exemplo, é reconhecido como cancerígeno. Além disso, essas substâncias são de difícil degradação natural, permanecendo por longos períodos no ambiente.
O caso evidencia o desafio enfrentado por cidades brasileiras que convivem com postos de combustíveis antigos e tanques subterrâneos sujeitos a vazamentos. Mostra também que, para além da aplicação de modelos matemáticos, a coleta de dados completos e precisos sobre o subsolo é imprescindível para o sucesso de qualquer ação de controle e recuperação ambiental.
Mais do que uma pesquisa acadêmica, trata-se de um alerta para autoridades e sociedade: sem o devido cuidado, acidentes como o de Brisamar podem comprometer recursos hídricos vitais, colocando em risco não apenas o meio ambiente, mas também a saúde das populações locais.