Energia cultural: estudo revela o custo invisível da produção agrícola
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Energia cultural: estudo revela o custo invisível da produção agrícola
Pesquisadores divulgaram um levantamento inédito sobre a chamada Energia Cultural Direta (ECD) em agroecossistemas, que revela de forma detalhada o quanto de energia é empregada no cultivo de pomares. Embora a localização do estudo seja mantida em sigilo, os dados mostram números impressionantes que ajudam a dimensionar o verdadeiro custo energético da agricultura.
De acordo com a pesquisa, a vida útil considerada para o sistema agrícola foi de dez anos, resultando em uma fração de 95.640 quilocalorias por hectare ao ano, com gasto de referência de 18,7 milhões de quilocalorias por tonelada produzida. Para estimar o esforço humano, foram calculadas 225 quilocalorias por hora de trabalho, em uma jornada média de oito horas diárias. No caso da tração animal, cada hora de trabalho de um boi corresponde a 1.575 quilocalorias.
O estudo também analisou o uso de combustível, apontando que a preparação de um hectare de terra exige em média quatro horas de trator, consumindo cerca de 7 litros de diesel por hora. Considerando que um litro desse combustível equivale a 9.583 quilocalorias, o impacto energético do maquinário agrícola torna-se evidente.
As sementes, insumo básico de qualquer cultivo, também carregam seu peso energético: um quilo de sementes utilizadas em pomares soma cerca de 4.000 quilocalorias, enquanto outras variedades podem atingir 4.200 quilocalorias por quilo. Além disso, o uso de defensivos e fertilizantes apresenta custos ainda mais expressivos. A produção e o processamento de um litro de inseticida demandam aproximadamente 4.950 quilocalorias, enquanto a fabricação de um quilo de P₂O₅, elemento essencial dos fertilizantes fosfatados, consome 3.344 quilocalorias.
Além da energia direta, os pesquisadores calcularam também a Energia Cultural Indireta (ECI). Nessa abordagem, metodologias recentes permitem analisar como a energia disponível no sistema agrícola é particionada, considerando a razão entre o calor sensível (H) e o calor latente (λE). Esse índice, chamado de β, depende principalmente das condições hídricas da superfície evaporante do agroecossistema.
Em termos práticos, isso significa que fatores como disponibilidade de água, clima e manejo agrícola alteram significativamente a eficiência energética do sistema produtivo. A pesquisa mostra que compreender esses detalhes é fundamental não apenas para dimensionar os custos da produção, mas também para propor alternativas mais sustentáveis.
Ao revelar o gasto invisível da agricultura, os resultados apontam para um futuro em que produtores, cientistas e formuladores de políticas precisarão considerar não apenas a produtividade, mas também o balanço energético que sustenta cada alimento que chega à mesa.
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