quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Desafios na Era dos Dados: Ciência Aberta Enfrenta Barreiras de Padronização, Ética e Infraestrutura

 Desafios na Era dos Dados: Ciência Aberta Enfrenta Barreiras de Padronização, Ética e Infraestrutura

Dr. J.R. de Almeida

[https://x.com/dralmeidajr][instagram.com/profalmeidajr/][  https://orcid.org/0000-0001-5993-0665][https://www.researchgate.net/profile/Josimar_Almeida/stats][ https://uerj.academia.edu/ALMEIDA][https://scholar.google.com.br/citations?user=vZiq3MAAAAJ&hl=pt-BR&user=_vZiq3MAAAAJ]

Editora Priscila M. S.


A consolidação de práticas científicas abertas, orientadas pelos princípios FAIR Findable, Accessible, Interoperable e Reusable ainda enfrenta obstáculos significativos nos bastidores da pesquisa global. Um dos entraves mais críticos está na ausência de taxonomias comuns e ontologias consolidadas em diversos campos do conhecimento. Sem uma linguagem estruturada que permita o diálogo entre sistemas, o compartilhamento e a compreensão automática de informações por máquinas tornam-se limitados, restringindo o avanço da ciência em escala internacional.

Especialistas destacam que estabelecer consensos sobre padrões científicos, sem sufocar a pluralidade metodológica característica das diferentes áreas, é uma tarefa complexa. Essa construção depende de diálogo interdisciplinar, investimentos contínuos em infraestrutura tecnológica e, sobretudo, tempo um recurso cada vez mais escasso na rotina acadêmica contemporânea.

Outro ponto sensível diz respeito à acessibilidade de dados e à necessidade de equilibrar transparência com responsabilidade ética. Em pesquisas que envolvem informações clínicas, sociais ou de natureza sensível, a exposição descontrolada pode gerar riscos graves a indivíduos e comunidades. O princípio FAIR estabelece que a acessibilidade deve ocorrer “sob condições bem definidas”, o que inclui consentimento informado, anonimização, restrições de uso e sistemas de governança de acesso.

Apesar dessas diretrizes, a tensão entre abertura e proteção permanece. Instituições de ensino e pesquisa são desafiadas a implementar protocolos rigorosos de segurança da informação, bem como oferecer suporte jurídico e ético aos cientistas. A intenção é garantir que a prática FAIR não se transforme em uma ameaça à integridade das pessoas envolvidas nos estudos.

A infraestrutura institucional surge, também, como um pilar indispensável. A falta de repositórios digitais confiáveis, com padrões de preservação e sistemas de identificação persistente como o DOI (Digital Object Identifier) compromete a consolidação de práticas que tornem os dados verdadeiramente reutilizáveis e verificáveis.

Nesse cenário, a construção de uma cultura de ciência aberta exige mais do que tecnologia: requer cooperação, transparência e comprometimento coletivo. É um processo em que o futuro da pesquisa científica depende não apenas da geração de conhecimento, mas da capacidade de compartilhá-lo de forma segura, ética e sustentável.

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