MONITORAMENTO DE BIOINDICADORES SOB EFEITO DE POLUIÇÃO POR SO2
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Poluição por dióxido de enxofre compromete crescimento de plantas usadas como bioindicadores
Um estudo realizado em área próxima a uma indústria têxtil revelou de forma clara como a poluição atmosférica, especialmente a emissão de dióxido de enxofre (SO₂), pode afetar o desenvolvimento de plantas. As espécies analisadas, cenoura (Daucus carota) e nabo (Brassica rapa), foram cultivadas em diferentes distâncias da fonte poluidora, e seus resultados apontam para uma relação direta entre proximidade da indústria e redução no crescimento.
As análises mostraram que, em pontos próximos à fábrica, as plantas apresentaram pesos frescos e secos semelhantes. Contudo, em distâncias maiores cinquenta e noventa metros da fonte emissora, houve queda significativa no crescimento e, consequentemente, nos valores de peso fresco e seco. Quando comparadas às plantas cultivadas em uma estação de controle, localizada a dez quilômetros da indústria, as diferenças foram ainda mais evidentes: quanto maior a distância e a altitude em relação à fonte poluidora, melhores foram os resultados de crescimento.
Um dado que chama atenção é a redução de 87,4% no peso seco das plantas cultivadas em uma das estações próximas, em comparação com aquelas desenvolvidas na área de controle. Essa diferença não apenas demonstra a severidade dos efeitos da poluição, mas também revela como fatores ambientais adicionais como topografia, altitude e direção dos ventos intensificam o impacto dos poluentes sobre a vegetação.
As plantas situadas em áreas no mesmo nível da indústria ou em regiões mais elevadas, mas alinhadas à direção predominante dos ventos, foram as mais prejudicadas. Isso indica que as condições meteorológicas, combinadas ao relevo local, podem potencializar a ação dos poluentes atmosféricos, ampliando sua dispersão e efeitos fitotóxicos sobre os ecossistemas vizinhos.
De acordo com especialistas, a poluição por SO₂ é conhecida por afetar diretamente os tecidos vegetais, reduzindo sua capacidade fotossintética e comprometendo o desenvolvimento. O estudo confirma esse efeito, mostrando que a vegetação próxima à indústria apresentou queda acentuada de crescimento quando comparada às plantas cultivadas em ambientes livres de poluentes.
Os resultados obtidos reforçam a importância do uso de bioindicadores organismos vivos sensíveis à qualidade ambiental como ferramenta para monitorar impactos da atividade industrial. Nesse caso, cenoura e nabo revelaram-se eficazes para indicar a intensidade dos danos causados pela emissão de dióxido de enxofre, trazendo à luz evidências científicas que podem subsidiar políticas ambientais e estratégias de mitigação.
A pesquisa alerta ainda para os riscos da concentração de indústrias em áreas com condições meteorológicas desfavoráveis, como baixa circulação de ventos e topografia que favorece a estagnação de poluentes. Nessas situações, os efeitos da poluição não se limitam ao entorno imediato, mas podem se espalhar por áreas mais amplas, comprometendo ecossistemas locais e a qualidade de vida da população.
Ao expor os efeitos concretos do SO₂ sobre o crescimento vegetal, o estudo se soma ao debate sobre a necessidade de fiscalizar e reduzir emissões industriais. O que está em jogo não é apenas a saúde das plantas, mas a estabilidade de ecossistemas inteiros, que dependem da integridade da vegetação para manter ciclos biológicos, garantir polinização e sustentar a biodiversidade.
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