VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS DANOS AMBIENTAIS E FONTES CONTAMINANTES
Dr. J.R. de Almeida
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Editora Priscila M. S. Gomes
Valoração econômica dos danos ambientais revela impacto de fontes contaminantes no desenvolvimento humano
O debate ambiental, que hoje ocupa espaço central em agendas políticas, científicas e sociais, começou a ganhar visibilidade global apenas no final da década de 1960. Naquele período, os primeiros sinais de alerta foram lançados, sobretudo em relação à poluição, que se tornou o símbolo mais evidente da degradação ambiental. Desde então, a percepção sobre o meio ambiente passou a ser entendida de maneira distinta, dependendo do contexto em que era analisada.
Nos países industrializados, a pauta ambiental estava quase inteiramente associada a problemas de poluição e resíduos, tratados como questões de ordem tecnológica. A solução parecia estar na ciência aplicada e na modernização dos processos produtivos, buscando reduzir os impactos da industrialização acelerada. Já nos países em desenvolvimento, a situação era outra: a noção de meio ambiente era muito mais ampla, englobando não apenas poluição, mas também condições de vida, saúde pública e desigualdade social.
A degradação ambiental nesses países estava profundamente ligada ao subdesenvolvimento. Faltavam políticas habitacionais, infraestrutura sanitária, escolas e condições dignas de moradia. A má nutrição, a precariedade dos assentamentos humanos, a destruição de florestas, a perda de solos férteis e a exploração insustentável dos recursos naturais compunham um cenário no qual os problemas ambientais eram, antes de tudo, reflexo de carências econômicas e sociais históricas.
Nesse contexto, surge a importância da chamada valoração econômica dos danos ambientais, instrumento científico e político que busca quantificar, em termos monetários, os prejuízos causados pela degradação ambiental. Essa abordagem não pretende apenas traduzir em cifras a destruição de ecossistemas ou os riscos à saúde humana, mas também fornecer subsídios para políticas públicas mais eficazes. Ao atribuir valor econômico a danos que antes eram invisíveis nos cálculos tradicionais de crescimento, abre-se espaço para que governos e instituições avaliem com mais clareza o custo real da degradação e as vantagens de investir em preservação.
Especialistas ressaltam que essa valoração também ajuda a identificar as fontes contaminantes mais críticas, responsabilizando setores econômicos que historicamente lucraram com a exploração predatória sem contabilizar os custos sociais e ambientais de suas práticas. Ao mesmo tempo, fornece base científica para ações judiciais de reparação, políticas de compensação e incentivos a modelos produtivos sustentáveis.
Passadas mais de cinco décadas desde que as preocupações ambientais começaram a emergir, a questão permanece atual. O mundo se vê diante do desafio de equilibrar desenvolvimento econômico com justiça ambiental, principalmente em países em desenvolvimento, onde a vulnerabilidade social amplifica os impactos da degradação. O avanço da valoração econômica, portanto, não representa apenas um cálculo contábil: trata-se de um instrumento de conscientização e de transformação, capaz de mostrar em números o que antes era negligenciado a íntima relação entre meio ambiente, saúde e qualidade de vida.
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