quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Portos brasileiros enfrentam desafios com fauna sinantrópica nociva e ampliam ações de controle ambiental

 Portos brasileiros enfrentam desafios com fauna sinantrópica nociva e ampliam ações de controle ambiental 

Dr. J.R. de Almeida

[https://x.com/dralmeidajr][instagram.com/profalmeidajr/][  https://orcid.org/0000-0001-5993-0665][https://www.researchgate.net/profile/Josimar_Almeida/stats][ https://uerj.academia.edu/ALMEIDA][https://scholar.google.com.br/citations?user=vZiq3MAAAAJ&hl=pt-BR&user=_vZiq3MAAAAJ]

Editora Priscila M. S. Gomes


A presença crescente de animais considerados pragas urbanas em instalações portuárias tem chamado a atenção de autoridades ambientais e de saúde pública em todo o país. De acordo com a Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), por meio da Instrução Normativa nº 141, de 19 de dezembro de 2006, a fauna sinantrópica nociva é definida como aquela que interage de forma negativa com a população humana, causando transtornos econômicos e ambientais ou representando riscos à saúde pública.

Essas espécies encontram condições ideais para sua proliferação em ambientes urbanos e portuários quando há oferta dos chamados “4 As”: água, alimento, abrigo e acesso. Segundo especialistas, a eliminação ou redução desses fatores é um dos caminhos mais eficazes para prevenir a presença desses animais (FREITAS et al., 2014; ZUBEN, 2006). No caso dos portos, essa estratégia se torna ainda mais urgente, já que se trata de locais de intenso fluxo de cargas e pessoas, além de áreas estratégicas para a economia nacional e o comércio internacional.

Relatórios técnicos apontam que os portos marítimos brasileiros enfrentam uma série de problemas estruturais e operacionais que contribuem para a instalação desses animais. Entre os resíduos comumente encontrados nessas áreas estão sucatas, entulhos, restos de madeira, resíduos orgânicos, cargas mal acondicionadas, lixo administrativo, plásticos, pilhas, baterias e até águas residuais. Essa combinação cria um ambiente extremamente propício para a permanência e reprodução da fauna sinantrópica nociva, ao mesmo tempo em que afasta predadores naturais, permitindo que essas espécies se multipliquem sem controle.

Um dos casos mais emblemáticos ocorre no Porto de Paranaguá, localizado no litoral do Paraná, na margem sul da Baía de Paranaguá. Com cerca de 2 km² de extensão, o terminal portuário é considerado o maior exportador de grãos da América Latina e o segundo maior porto do Brasil, ficando atrás apenas do Porto de Santos. No local, são escoadas grandes quantidades de produtos agrícolas, como soja, milho, trigo, arroz e açúcar, além de cargas gerais como madeira, papel e cerâmicos.

A história do Porto de Paranaguá remonta a 1872, quando foi inaugurado como um pequeno atracadouro administrado por iniciativa privada. Somente em 1917 passou para o controle do governo do Paraná, recebendo investimentos em infraestrutura e expansão. Oficialmente inaugurado em 1935, teve sua administração reorganizada em 1947, com a criação da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).

Nos últimos anos, a movimentação portuária cresceu de forma significativa, elevando também os riscos associados à fauna sinantrópica. Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários indicam que o Porto de Paranaguá movimentou mais de 38 milhões de toneladas de cargas em 2010, saltando para cerca de 51,5 milhões em 2017. Com isso, a presença de resíduos e sobras de cargas aumentou, ampliando os pontos de atração para espécies indesejadas.

Entre as espécies mais comuns estão roedores, pombos, insetos e outras pragas urbanas, que não apenas causam danos materiais, mas também representam um risco direto à saúde dos trabalhadores e ao equilíbrio ambiental das regiões portuárias. Por isso, programas de controle e monitoramento vêm sendo implantados em todo o país, com ações coordenadas entre órgãos ambientais, empresas portuárias e equipes de vigilância sanitária.

Especialistas destacam que o enfrentamento desse problema não depende apenas de medidas pontuais, mas de uma gestão integrada, contínua e preventiva. Ações como a melhoria do gerenciamento de resíduos sólidos, a limpeza constante das áreas operacionais e a adoção de barreiras físicas e tecnológicas são consideradas fundamentais para conter a proliferação desses animais.

Com o crescimento das atividades logísticas e do comércio exterior, a gestão da fauna sinantrópica nociva se tornou um dos grandes desafios ambientais dos portos brasileiros. A adoção de medidas preventivas e o fortalecimento da fiscalização são passos essenciais para garantir segurança sanitária, eficiência operacional e proteção ambiental nas zonas portuárias do país.

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